A FRANÇA ANTES DA TOMADA DA BASTILHA
A derrota francesa na Guerra dos 7 anos (1756 - 1763)
Deu aos ingleses grande parte das áreas coloniais que pertenciam a França. Um forte sentimento de revanche se desenvolveu entre os franceses.
Processo de independência das 13 colônias Inglesas na América ( 1776)
O revanchismo francês, entre outros motivos, fez com que a França estivesse fortemente presente nas batalhas ao lado dos colonos Ingleses. Essa ajuda custou muito caro aos cofres franceses, agravando significativamente a já desgastada situação econômica nacional. " E assim a Revolução Americana pôde proclamar-se a causa direta da Revolução Francesa" ( A Era das Revoluções Pág.104).
Os gastos com a manutenção das estruturas de estado
O século XVIII estava chegando ao fim. Na frança, a maioria absoluta da população morava na zona rural.Cerca de 20% dos camponeses ainda se relacionavam com os grandes proprietários sob a forma feudal, ou seja estando obrigados a pagar impostos característicos desse sistema. Os gastos com a corte parasitária eram exorbitantes.
" Os tributos feudais, os dízimos e as taxas tiravam uma grande e cada vez maior proporção da renda do camponês, e a inflação reduzia o valor do resto. " ( A Era das Revoluções Pág.104). O sistema tributário era profundamente distorcido, pois isentava exatamente aqueles que tinham as melhores condições de pagar impostos. Todo o peso do tributo acaba recaindo sobre a massa popular.
Problemas Climáticos
Problemas climáticos provocavam perdas nas colheitas. O alimento cada vez menos suficiente levava á alta de preços. " Uma má safra em 1788 e 1789 e um inverno muito difícil tornaram aguda a crise. As más safras faziam sofrer o campesinato...obviamente as más safras faziam sofrer também os pobres das cidades, cujo custo de vida podia duplicar...os pobres do interior ficavam assim desesperados e envolvidos em banditismo; os pobres das cidades ficavam duplamente desesperados, já que o trabalho cessava no exato momento em que o custo de vida subia vertiginosamente. Em circunstâncias normais, teria ocorrido provavelmente pouco mais que agitações cegas. Mas em 1788 e 1789 uma convulsão de grandes proporções no reino e uma campanha de propaganda e eleição deram ao desespero do povo uma perspectiva política. E lhe apresentaram a tremenda e abaladora ideia de se libertar da pequena nobreza e da opressão. Um povo turbulento se colocara por trás do Terceiro Estado." ( A Era das Revoluções pág. 109)
No campo e na cidade, era possível perceber que as coisas não andavam bem foi nesse contexto que surgiu a 1ª brecha no absolutismo e logo após a segunda e decisiva brecha que foi a decisão de convocar os estados gerais, a velha assembléia feudal do reino, enterrada desde 1614. Assim a revolução começou como uma tentativa de recapturar o estado.
Nobres eram sustentados pelo rei, vivendo em um luxo extremo, em contraste à pobreza que dominava a maioria da população. A igreja era detentora de inúmeras riquezas e terras, tinham grande influência sobre o estado e a maioria dos cidadãos.
na figura ao lado vemos o terceiro estado carregando nas costas o primeiro e segundo estado.
Assembléia dos Estados Gerais
O rei nomeou ministros que tinham a responsabilidade de propor soluções pra essa crise Anne Robert Jaques Turgot e Jaques Necker propuseram a diminuição dos privilégios do primeiro e segundo estados. Por pressão dos representantes desses mesmos Estados, eles foram demitidos. O advogado Charles Alexandre de Calonne foi indicado para o ministério, consciente da resistência da nobreza e do clero, propôs a convocação dos Estados Gerais. "Esta decisão foi mal calculada por duas razões: ela subestimou as intenções independentes do Terceiro Estado - a entidade fictícia destinada a representar todos os que não eram nobres nem membros do clero, mas de fato dominado pela classe média- e desprezou a profunda crise socioeconômica no meio da qual lançava suas exigências políticas" ( A Era das Revoluções Pág.105).
Tumultuadas eleições foram realizadas, Os membros do terceiro estado garantiram o direito de eleger um número de deputados igual à soma daqueles que representariam o primeiro e o segundo estado. " Visto que os camponeses e os trabalhadores pobres eram analfabetos, politicamente simples ou imaturos, e o processo de eleição, indireto 610 homens, a maioria desse tipo, foram eleitos para representar o Terceiro Estado." ( A Era das revoluções Pág.107).
Porém por pressão das ordens mais influentes, ficou decidido que os votos seriam por Estado e não por deputados como queria o terceiro Estado. Tendo em vista que a grande questão era a inclusão das duas primeiras ordens no sistema de pagamentos de impostos, obviamente elas votariam contra a proposta. Sem esse importante passo não havia muito a se fazer. Os representantes do Terceiro Estado, frustrados em suas pretensões, decidem abandonar a sala de reunião dos Estados Gerais, reunindo-se na sala do jogo da Pela, jurando permanecer em assembléia até que uma constituição estivesse pronta.O rei a nobreza e o clero procuraram resistir. porém a situação era bem mais complicada do que percebiam até então.
Nas ruas o povo tomou posição em favor da Assembléia Nacional Constituinte. Esse povo " eram os Sansculottes, um movimento disforme sobretudo urbano, de trabalhadores pobres, pequenos artesãos, lojistas artífices, pequenos empresários etc. Os sanculottes eram organizados, principalmente nas seções de Paris e nos clubes políticos locais, e forneciam as principais forças de choque da revolução - eram eles os verdadeiros manifestantes, agitadores, construtores de barricadas" ( A era das Revoluções pág. 112) O rei tentou minimizar as possíveis consequências dessa situação, ordenando que os deputados do Clero e da nobreza se juntassem à Assembléia. No entanto, o movimento popular crescia e, no dia 14 de julho de 1789, na cidade de Paris, a massa popular se dirigiu até a Bastilha, invadindo-a e libertando as pessoas que havia sido ali aprisionadas. De acordo com os estudiosos, havia pouquíssimas que permaneciam presas na Bastilha. Eram oposicionistas, em geral escritores, jornalistas e autores de textos de contestação ao regime. A Bastilha era uma construção que servia como prisão e, segundo alguns historiadores, depósito de armas.
Aproximadamente vinte dias após o episódio ocorrido na Bastilha, os revolucionários reunidos na assembléia constituinte estabeleceram o fim dos resquícios econômicos feudais. A ordem politica, econômica e social também foi reorganizada. No dia 26 de agosto, pouco mais de um mês após o famoso "14 de Julho" proclamou-se a declaração dos direitos do homem e do cidadão. Nela eram exaltados os ideais revolucionários, baseados na liberdade, igualdade e fraternidade. Quase um ano depois, em 12 de julho de 1790 ficou pronta uma constituição civil para o clero. A partir dela, a Igreja Católica Francesa se tornava submissa ao Estado: Era o fim de um longo predomínio exercido pelo clero desde a Alta Idade Média.
A Curta Monarquia Constitucional (Setembro de 1791 - agosto de 1792)
A Primeira República Francesa ( Agosto de 1792- Julho de 1794)
Em setembro de 1791, ficou pronta a constituição francesa que instituiu, entre muitas outras mudanças, uma Monarquia constitucional. Isso significou o fim legal do absolutismo francês. O novo conjunto de leis limitava sensivelmente o poder do rei. Mesmo assinando a carta constitucional, continuou procurando meios de restabelecer a autoridade absoluta, para isso contava com o apoio da maioria dos representantes da nobreza e do clero.
O rei também procurou apoio internacional, com o forte argumento de que um movimento revolucionário do tipo que ocorria na frança, se concretizado, poderia incentivar a difusão de movimentos do mesmo tipo sobre a Europa. Esse pequeno período foi chamado de contra revolução. No entanto, como vimos, o rei não concordava com a maioria das mudanças. Procurando restabelecer a forma absoluta de poder, incentivou a invasão estrangeira Austríaca e Prussiana sobre a frança. Na altura de 1791, as monarquias da Europa olhavam com preocupação os desdobramentos na França. E consideravam intervir em apoio ao rei Luís 16. Em 27 de agosto, O sacro imperador romano Leopoldo II e o rei Frederico Guilherme II da Prússia, em consulta com nobres franceses emigrados, emitiram uma nota que ameaçava o governo revolucionário de invasão em caso de se ver comprometido o bem estar do rei francês. A França declara Guerra primeiramente a Áustria em 1792, enquanto o governo revolucionário levantava novas tropas e reorganizava as forças armadas um exército Prussiano invade a França, boa parte da nobreza francesa apoiava a intervenção estrangeira, por essa razão foram considerados traidores da causa revolucionária. Vários de seus representantes foram mortos, em um episódio chamado o Massacre da Nobreza. O rei com isso tentou fugir da França pra do exterior, apoiara intervenção que deveria restabelecer o Absolutismo francês. Na fuga, foi reconhecido e preso, sendo obrigado a retornar a Paris, a partir de então foi considerado traidor também. No ano seguinte os exércitos estrangeiros que havia invadido a França foram derrotados pelas forças revolucionárias, compostas pelo povo, convocadas pelos líderes da revolução pois o que sobrou do velho exército francês era incapaz e inseguro.
com a prisão de Luís XVI, os revolucionários decidiram pela instalação da forma republicana de governo. Os privilégios do Clero e da igreja não existiram mais. A partir desse momento os membros do Terceiro estado chegaram ao poder. Nessa fase, a liberdade, a igualdade e a fraternidade quase se perderam em meio ao radicalismo revolucionário, Estima-se que mais de 30 mil pessoas tenham sido executadas na guilhotina por ordem do Tribunal Revolucionário. Dentre os mais famosos estiveram o próprio rei da França Luís XVI, guilhotinado em 1793, e sua mulher Maria Antonieta guilhotinada 9 meses depois numa fase conhecida como Período do Terror que teve seu início pouco tempo depois da Convenção Nacional esse novo organismo deveria conduzir a Primeira República.
- Girondinos- estes representavam os direitos da alta burguesia. Aceitavam e defendiam a igualdade de todos perante a lei, pois essa condição os tornava jurídica e socialmente iguala nobreza, em outras palavras queriam se parecer com a nobreza, porém, diferenciando-se dos san-culottes ou camponeses.
-Planície - estes tinham uma formação bastante heterogênea e sem uma política claramente definida, também representavam a burguesia em geral.
- Jacobinos - teoricamente representantes da baixa burguesia, camponeses e sans-culottes entre eles tinha um grupo bem mais radical, antimonarquistas e defensores de uma república forte e centralizada. chamados de montanheses, diziam-se os representantes dos mais pobres. Grandes nomes da revolução estavam entre eles Maximilien de Robespiere, Jean Paul Marat e Georgs Jaques Danton.
Inicialmente, os Girondinos exerceram maior influência sobre A Convenção Nacional. Porém a necessidade do apoio Jacobino para controlar as massas abriu caminho para que estes se tornassem mais influentes, controlando o Executivo.
A subida dos Jacobinos ao poder e, de modo especial, dos montanheses, conduziu a Revolução Francesa à sua fase mais radical, conhecida como Período do Terror, alguns especialistas falam da instalação de uma verdadeira ditadura, na qual não havia liberdade alguma para aqueles considerados "traidores da causa revolucionária". Milhares de pessoas foram presas e executadas, ainda que não houvesse provas suficientes contra elas, exatamente como ocorria na época do poder absoluto dos reis.
A subida dos Jacobinos ao poder e, de modo especial, dos montanheses, conduziu a Revolução Francesa à sua fase mais radical, conhecida como Período do Terror, alguns especialistas falam da instalação de uma verdadeira ditadura, na qual não havia liberdade alguma para aqueles considerados "traidores da causa revolucionária". Milhares de pessoas foram presas e executadas, ainda que não houvesse provas suficientes contra elas, exatamente como ocorria na época do poder absoluto dos reis.
O governo Jacobino criou o Comitê de Salvação Pública, que detinha poderes supremos, controlando todas as forças militares e oficiais ou revolucionárias. Impondo suas decisões sem aceitar nenhum tipo de questionamento. Um Tribunal Revolucionário foi organizado, promovendo julgamentos sumários e, muitas vezes, longe da ideia de "amplo direito de defesa". Foi usado várias vezes como instrumento de aniquilação de opositores políticos.
Os girondinos, aproveitando-se do relaxamento das pressões estrangeiras e dessa fase de insegurança promoveram um golpe. No dia 9 do mês do Termidor ( mês do calendário revolucionário) do ano de 1974, um golpe retirou dos jacobinos o comando da revolução e da nação.
Os cinco Diretores - Diretório ( Junho de 1794 - Novembro de 1799)
Esta última fase da Revolução Francesa geralmente é interpretada como um momento contra revolucionário, marcado pela volta da alta burguesia ao poder por meio do Diretório. Mesmo não significando o retorno da monarquia, várias ações empreendidas por aqueles que tomaram o poder significaram a desarticulação de vários avanços revolucionários. O medo da alta burguesia em relação as ações radicais do Período do Terror fez com que os girondinos se afastassem das massas e procurassem submetê-las.
Cinco diretores ligados aos girondinos foram eleitos para o exercício do poder executivo. A eleição foi realizada pelos representantes do poder legislativo, que se realizou sob a forma bicameral (duas câmaras). Buscando a estabilidade e o fim da fase radical, acabaram permitindo um processo de expurgo daqueles que foram responsáveis pelos excessos da fase anterior. Vários membros da nobreza e do clero que haviam fugido na época das grandes execuções retornaram e passaram a incentivar a punição dos radicais. uma grande quantidade deles foi executada em uma fase conhecida como "Terror Branco".
Durante o período de governo do Diretório, praticamente a metade de todo o processo revolucionário, os girondinos tiveram que lidar com oposições de ambos os lados. Mudaram até de posição na sala da Convenção: passaram a ocupar o centro. E os novos representantes do governo recebiam a oposição de ambos os lados. À direita, aqueles que pretendiam a volta da monarquia (parte da alta da burguesia) pressionavam por atitudes contrarrevolucionárias mais radicais. À esquerda, os jacobinos insistiam na igualdade econômica. Tentativas de golpe se sucederam de ambos os lados, fazendo com que o Diretório se equilibrasse de forma muito precária.
Durante toda essa fase, a corrupção de vários diretores, trocados constantemente, ficou muito famosa. Paul Barras, um dos mais corruptos diretores do período, passou a simbolizar a má fama dos dirigentes do governo. Os questionamentos das oposições cresciam continuamente, deixando o governo cada vez mais certo de que sua força chegava ao fim. Em meio a esse contexto, um jovem oficial do exército francês se destacava na luta da França contra as constantes ameaças de intervenção das monarquias absolutistas vizinhas, especialmente a austríaca. Seu nome era Napoleão Bonaparte. Sua fama espalhou-se rapidamente. Várias e fundamentais vitórias foram por ele alcançadas. Sua genialidade militar e sua capacidade de comando se tornavam cada vez mais conhecidas. Sua fama se espalhava e muitos franceses passaram a respeitá-lo e admirá-lo. A burguesia francesa passou a ver nele a esperança de manutenção das suas conquistas.
Nesse momento, as aspirações burguesas estavam longe de representar a realidade das palavras de ordem da revolução (liberdade, igualdade e fraternidade), porém, ainda representavam a resistência ao Antigo Regime. Mesmo não lutando por igualdade econômica, como o fez François (Graccus) Babeuf durante a Conspiração dos Iguais, ou por um governo democrático e participativo, como propuseram alguns jacobinos, o governo burguês ainda era diferente do absolutismo. Para fortalecer o domínio da burguesia, no dia 9 de novembro de 1799, Napoleão Bonaparte foi elevado ao poder através do Golpe do 18 de Brumário.
O governo napoleônico, como veremos, ficou muito distante de representar a liberdade tão defendida pelos revolucionários. Na prática, os mais ricos mantiveram em suas mãos muito mais poder, especialmente em relação à política. A diferença agora é que não precisavam mais ser bem-nascidos, ou seja, de linhagem nobre. A ideia de fraternidade praticamente desapareceu durante o Império Napoleônico, especialmente em relação àqueles que discordavam do imperador.
Arrasou Mormeu. Ficou show 👍
ResponderExcluirShow marcelo!!!
ResponderExcluirMuito bom, professor!
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